22 de jan. de 2010

Cabanas

Gosto de passear os olhos pelas artes para pescar brincadeiras e transformá-las em outras tantas...

Comecei a colecionar figurinhas que intitulei de "cabanas", embora não sejam de fato, mas que inspiram a criação de ambientes lúdicos acolhedores. Ambientes para as crianças viverem seus jogos de exercício interior, de voltarem-se pra dentro para mirar o mundo de lá de fora, numa outra perspectiva.

21 de jan. de 2010

Semillas de Cabañas


Semillas de Cabañas
Philippe Lechermeier
Éric Puybaret
Edelvives –Madrid, 2006

Encontrei este livro pleno de cabanas poéticas: cabaña de cajá de música, cabaña de libros, cabaña del fundo del jardín, cabaña de sueños, cabaña dominguera, cabaña de sombras chinescas, cabaña de las mil y uma puertas... e muitas outras. Sem dúvida a mais internacional, inventada por Philippe e Éric é a da Babilonia: Cabaña de Babel. Vejamos como a definem:

“Cabaña de Babel

The Kabaña di Babel was built
por mushas gentes de tutti le mondo.
It was magnífica, grandissima,
the plus alta tower en el universe.
Parecía que soubía hasta le ciel,
dans les nubes with the birds
( li pitit piopio).

Desgraciadamenti,
quand la Konstructiono se therminar,
um ouvriero ha mal comprendo cómo was
l’installato de los escaliers und tutti se há derrumbé.
¡ Katastropho !

Ni uma sola graine, perdón, semilla...”


As cabanas de nossa infância são um pouco cabanas de Babel, universais, presentes em todas as culturas, trazem o encantamento da construção seguida de seu usufruto, o aconchego de quem fica aninhado dentro dela, a sós ou em boa companhia, semeando a imaginação.

Acredito que essa experiência sensível da infância não se perde, é transformada em nossos gestos e ações em outras situações. O autor e ilustrador de Semillas de Cabañas, por exemplo, continuam escrevendo e desenhando suas cabanas, reinventando as sensações vividas nelas, no passado, tornando-as presentes e compartilhando-as com outros companheiros, nós leitores.

Não só as crianças montam cabanas, buscamos também nosso espaço de aconchego. Nossas casas guardam um pouco dessa memória e se atualizam a cada nova construção: sementes de cabanas!

16 de jan. de 2010

Jogo: Fases Espaciais


Jogo criado por Gabriel Raniere, 9, Isabela Cintra, 9, Gabriel Freundenthal, 8 e Rebeca Hadadd, 9, a partir de oficina de jogos da Caleidoscópio Brincadeira e Arte para a Folhinha de São Paulo. (Folha de S. Paulo 16/01/2010)

O processo de criação de um jogo às vezes é tão ou mais interessante que o próprio jogo para as crianças. Por isso gosto não só de socializar a cultura dos jogos de tabuleiro com as crianças, mas de incentivá-las a criar os seus próprios. É uma satisfação enorme acompanhar o processo de criação. Ele é, sem dúvida, mais rico que o produto, o jogo em si. Diria que o processo é um jogo de outra natureza, em que as regras estão em aberto.

Claro que adorei o tabuleiro que o grupo de crianças construiu coletivamente, usando apenas papelão e outros materiais de sucata, mas a animação e todo o processo inventivo é o que me encanta e penso que também às crianças. Prova disso está numa discussão entre o grupo que confeccionava o jogo Fases Espaciais:

“já pensou se alguma loja de brinquedos pega este nosso jogo e começa a produzir ele em série?! Nossa! Ia ser muito legal ter nosso jogo em todo lugar! Mas pensando bem... não ia ser legal, não, porque ele já ia estar pronto e aí a gente não precisava fazer mais jogo... Não ia querer que uma empresa fizesse o nosso jogo porque aí não tem graça.”

Estas falas nos mostram o quanto a criação faz parte do jogo de viver!

Saiba mais no blog da folhinha

2 de jan. de 2010

Terça Lúdica: Figurinos e Adereços Carnavalescos


[Clique no convite para ampliá-lo]

Brasil e Espanha jogam Dama




Incrível a coincidência de encontrar nas ruas de Toledo uma lambreta e em São Paulo um carro com motivos que lembram tabuleiros de jogo de damas. Dois meios de locomoção primos-irmãos no gosto pela decoração lúdica!

Jogo do Deserto do Saara



Em passeio pela livraria Casa del Libro em Madrid descobri dois livros fascinantes de jogos africanos* , sendo um deles específico de jogos do Deserto do Saara. Neste caso o tabuleiro é riscado na própria a areia, os dados são substituídos por búzios ou conchas e os peões por pedras, gravetos ou até mesmo fezes redondas de animais!
Quando fui convidada para uma semana de jogos africanos pelo SESC Vila Mariana, não pude resistir à idéia de levar bacias com areia para ensinar alguns destes jogos às crianças. Lembro de um menino de 5 anos encantado com o jogo e com a possibilidade de aprender mais sobre a cultura lúdica de outro continente e também com a própria areia que, na cabeça dele, vinha de muito longe: pegava punhados dela e soltava na bacia observando com olhos brilhantes os grãos deslizarem de suas mãos dizendo: “areia do Deserto do Saara!” Eu, admirando sua fascinação, não tive coragem de dizer que era areia comprada em casa de aquário, preferi a magia daquele momento que o transportava para o outro lado do oceano.
* Juegos de África – Valérie Karpouchko ed. Takatuka, 2008
*Juegos Saharauis para Jugar en la Arena – Juegos y Juguetes Tradicionales del Sáhara - Fernando Pinto Cebrián – Miraguano Ediciones, 1999